Em
Presidente Juscelino, o símbolo da indignação popular não é uma passeata e
nenhum palanque, é um copo de suco de caju acompanhado de três bolachas secas.
Foi
esse o retrato utilizado por um morador da zona rural, Joab do Pariqui, para
expor, com simplicidade e contundência, o abismo entre as prioridades da atual gestão
municipal e as reais necessidades da população. Enquanto servidores públicos estão
há meses sem receber salário e pais de alunos se veem obrigados a custear transporte
escolar por conta própria, a prefeitura segue promovendo festas, sorteios e
eventos de apelo midiático.
A
denúncia extrapola o desabafo pessoal e ganha contornos de alerta
institucional: trata-se de uma gestão que, sob investigação da Polícia Federal
por supostos desvios na área da Educação, insiste em utilizar os recursos
públicos como ferramenta de autopromoção, em detrimento de direitos básicos
como o acesso à educação, alimentação escolar e transporte digno.
O
“suco de caju com três bolachas” virou metáfora do descaso – uma síntese cruel
daquilo que chega à mesa dos estudantes enquanto a festa corre solta nos
bastidores do poder.
Não
se trata apenas de um erro de cálculo administrativo, mas de uma profunda inversão
de valores públicos. Uma gestão que escolho o espetáculo em vez do servidor, o
evento em vez da escola, a propaganda em vez da responsabilidade, trai a
confiança do povo e o espirito da coisa pública. O vídeo de Joab, por mais
simples que seja, nos recorda que a dignidade começa pelo básico – e que quando
falta até isso, o suco de caju vira denúncia, e as três bolachas, prova de que
a política pública precisa voltar a olhar para o povo, não para o palco.
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