Imprensa e democracia têm tudo em comum. Uma não
existe sem a outra. É preciso liberdade para levar informações relevantes a
todos os cidadãos. Por outro lado, sem informação de qualidade não se garante
um ambiente efetivamente democrático.
É preciso cuidar dos
dois lados. Um olho na democracia, outro no jornalismo. A onda de demissões nos
grandes jornais brasileiros é, por isso mesmo, motivo de preocupação. Pode ser
que, de uma só vez, se esteja atentando contra os dois lados. Abrindo o flanco
para uma sociedade de pessoas desinformadas e com menos autonomia na tomada de
decisões e vitaminando um jornalismo marcado por interesses particulares.
Existe uma crise no
negócio da comunicação em todo o mundo. Há muitas vias para se compreender o
cenário de dificuldades: a perda de relevância política do setor; a entrada em
cena de uma tecnologia que conflita com as bases econômicas tradicionais do
negócio; o esvaziamento do jornalismo como ferramenta de conquista do
conhecimento. Jornal atualmente não conta, não põe dinheiro na conta e não
ajuda a contar a história.
Parece óbvio que a saída
para o jornalismo, num ambiente em que a informação explode em todas as
direções, deveria ser a aposta na qualidade da informação. O que vai fazer um
leitor buscar um veículo de comunicação e não outro é a capacidade de dar mais
substância aos fatos. Se for para ficar na superfície, as redes sociais são
imbatíveis.
O resultado dessa
contradição não vai demorar a se expressar pelo seu pior prognóstico. Teremos
um jornalismo sem jornalistas, uma imprensa sem opinião, uma sociedade baseada na
fofoca. Poucos empresários e uma ordem informativa indigente. Aí, jornalismo e
democracia vão ocupar faixas distintas. E vai ser ruim para os dois lados.
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