Pelo
texto, PEC 113A/2015 não atinge o governador Flávio Dino. Para a oposição, no
entanto, comunista teria apenas expectativa de direito.
Atual7.
Lideranças
partidárias acertaram para o dia 30 de novembro de 2016 a votação, em
primeiro turno, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 113A/2015, que acaba
com a reeleição para cargos do Poder Executivo. A proposta tramita em
conjunto com a PEC 36/2016, dos senadores do PSDB Aécio Neves (MG)
e Ricardo Ferraço (ES), que dá fim às coligações nas eleições proporcionais
(vereadores e deputados) e cria uma cláusula de barreira para a atuação dos
partidos políticos – medida que repercute no acesso ao fundo partidário e ao
tempo de propaganda e impõe maior rigor para a criação de novas legendas.
Segundo o
calendário negociado pelos líderes partidários no Senado, o segundo turno de
votação da PEC do fim da reeleição está marcado para o dia 13 de dezembro
próximo. Como há um consenso entre as lideranças pela aprovação da PEC, a
proposta já tem até data de promulgação pelo Congresso Nacional: 15 de
dezembro deste ano, em sessão solene.
De acordo
com o texto, ficarão inelegíveis presidente, governadores e prefeitos no
período eleitoral seguinte, com exceção dos que já estão no cargo e ainda
não foram reeleitos, a exemplo do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB).
Inicialmente, acreditou-se que prefeitos e governadores eleitos,
respectivamente, em 2012 e 2014, não poderiam concorrer à reeleição com a
aprovação da PEC, porém a própria proposta e parecer do senador
Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), relator da PEC, apontam para o contrário.
“Estamos de
acordo com a regra transitória que garante aos Prefeitos eleitos em 2012 e aos
Governadores eleitos em 2014, o direito de concorrer à reeleição, desde que não
tenham sido reeleitos naquelas eleições. Entendemos que essa ressalva é
coerente com os princípios da segurança jurídica e do direito adquirido,
constantes da Constituição Federal (v.g.
art. 5º, caput e inciso
XXXVI)”, diz o trecho do parecer.
A vedação da
reeleição para os cargos do chefe do Poder Executivo tem sido articulada no
Senado, principalmente, pelo senador Aécio Neves, que trabalha ainda, em
paralelo, para ser o candidato do PSDB à Presidência da República em
2018. Com a iminente impossibilidade do presidente Michel Temer (PMDB-RJ)
em concorrer à reeleição, o tucano vê caminho aberto para o Palácio do
Planalto.
Divergências
Apesar da
clareza no texto da PEC, no Maranhão, a oposição a Flávio Dino ainda
cogita que o fim da reeleição para governadores também já passe a valer a
partir do pleito de 2018. Para isso, no entanto, seria necessária uma
modificação no texto original da PEC. Neste caso, sendo aprovada pelo
Senado com essa modificação ao texto original, a proposta deverá voltar para a
Câmara, uma vez que estaria alterada, para uma nova rodada de discussões.
Há ainda a
expectativa de que, apesar da proposta não prever, a extinção da reeleição seja
em escala decrescente para todos os cargos do Executivo, e por isso também
já passe a valer para prefeitos e governadores, já em 2018. O embasamento para
isso é que os gestores são eleitos para o mandato de apenas quatro anos e não
oito. Dessa forma, ao término do mandato, o que existiria seria apenas uma
expectativa de direito, e não um direito adquirido, como garante o parecer
do senador Antônio Carlos Valadares.
No caso de
Flávio Dino, por exemplo, acredita a oposição, o comunista não possuiria
direito adquirido à reeleição, mas apenas o de completar os quatros anos
de mandato para o qual foi eleito. Com a promulgação da PEC 113A/2015 em
dezembro próximo, ele teria, então, tão somente expectativa de direito. Por conta
das divergências quanto a situação jurídica do comunista e outros governadores
eleitos em 2014, o caso pode chegar ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Histórico
A reeleição
nunca fez parte da Constituição Brasileira até a Emenda 16, de 1997, cujo
processo de análise se iniciou em 1995 – PEC 1/95, apresentada pelo deputado
Mendonça Filho (DEM-PE).
Desde antes
de sua implantação, o tema não obteve consenso no Parlamento. Seus defensores
argumentam que quatro anos de mandato podem se mostrar insuficientes para a
implantação de projetos de governo mais duradouros.
Já os
contrários argumentam que a reeleição permite o uso da máquina pública e desvia
o mandatário/candidato das atribuições da governança no ano de eleições. Outros
defendem mandatos maiores para compensar o fim da reeleição, a exemplo do
senador Aécio Neves.
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