Por Oswaldo Viviane/O
informante.
O portal O INFORMANTE obteve imagens e informações exclusivas que
revelam os últimos momentos do blogueiro Vinícius Maldine Lima Vieira, de 29
anos, que morreu no dia 1º de maio último (feriado do Dia do Trabalhador), na
Mansão da Rosana, em circunstâncias que ainda estão sendo investigadas pela Policia
Civil, por meio da Superintendência de Homicídio e Proteção à Pessoa (SHPP).
A última testemunha ouvida sobre o caso, até agora, o empresário Allan
Jorge Damous Lepore, de 36 anos, que socorreu o blogueiro, foi ouvida na manhã
de sexta-feira, 10, na SHPP, e fez um relato completo, ao qual O INFORMANTE
teve acesso, do que presenciou na mansão.
Ele foi apresentado pelo advogado Antônio Holanda Cavalcante Neto
(OAB-MA 23281), que fez questão de consignar no depoimento elementos que devem
ser acrescentados nas investigações.
Holanda teve a sua casa invadida na madrugada de quinta-feira, 9, horas
antes de apresentar Allan Lapore à Polícia. A casa também é do pai do delegado
de polícia civil, Edmar Gomes Cavalcante Jr, seu irmão. Ele comunicou o fato à
Seccional Maranhense da OAB e vai formalizar denúncia segunda-feira, 13, na
Polícia Civil.
O relato de Allan Lepore
Allan contou que no feriado chegou à mansão pouco depois das 14h. De
repente, viu um jovem, que depois veio saber tratar-se de Maldine, sair correndo
de dentro para fora da mansão, completamente desnorteado e sem falar nada, e
caiu no chão. Ao ver Maldine caído, Allan foi em sua direção, acompanhado de um
homem de olhos claros, o qual soube depois chamar-se Bruno, e também de Rosana
e uma jovem da casa, que vestia roupa preta.
Afirmou que levantaram o blogueiro e conseguiram levá-lo para dentro.
Que Maldine continuava completamente desnorteado. O depoente disse que, como só
conhecia Rosana, afastou-se dos demais presentes e sentou no balcão do bar,
ficando de costas para a piscina.
De repente, Allan escutou um barulho, como se alguém tivesse caído na
piscina. Disse que se virou e viu duas pessoas dentro d´água, sendo uma a
vítima e a outra Bruno, que identificou por ser a pessoa que o ajudou a
carregar Maldine quando este caiu na rua. Afirmou Allan que Bruno segurava a
vítima dentro da piscina e dizia:
“Rapaz, calma, calma”! Rosana, então, aproximou-se do
depoente e falou: “Meu filho, você que não bebeu, dá uma força para ajudar o
rapaz na piscina”. Allan disse que tirou a camisa, deixou o celular na mesa e
pulou na piscina. Relatou que Maldine ficava se debatendo, dificultando que os
dois o segurassem.
Acrescentou que Bruno, já cansado de tanto fazer força, saiu da piscina,
e que ele ficou sozinho por um momento tentando segurar o blogueiro, pedindo
que ele se acalmasse. Bruno, então, retornou à piscina, ficando ali de oito a
dez minutos, tentando acalmar Maldine, mas que este era muito pesado e nada
dizia.
Allan afirmou que também cansou e saiu da piscina, ficando apenas Bruno
tentando sustentar o blogueiro. Afirmou o depoente que em alguns momentos, com
Bruno ainda na piscina, devido ao seu peso, a vítima chegou a ficar com a
cabeça submersa. Allan afirmou que quando saiu da água, esgotado, ficou de
costas para a piscina porque, segundo ele, não queria mais ver aquela “situação
angustiante”.
Rosana então começou a gritar: “Vamos tirar, vamos tirar”! Que nesse
momento, de fora da piscina, Allan ajudou puxando os braços de Maldine,
enquanto Bruno o empurrava de dentro para fora da piscina. Quando finalmente
conseguiram tirar o blogueiro, enquanto Rosana, ao celular, tentava fazer
contato com o Samu, o depoente disse que o rapaz já estava com os lábios roxos.
Ele foi colocado na borda da piscina e um funcionário do estabelecimento começou
a fazer massagem cardíaca, tentando reanimar a vítima.
Allan disse que se ofereceu para levar o blogueiro para um hospital e
começou a gritar perguntando de quem era uma Dodge Ram que estava em frente ao
portão, impedindo a entrada da Fiorino, para que fosse prestado o socorro.
Saymon, o proprietário, retirou a caminhonete, podendo Allan então entrar de
ré.
Pessoas que estavam no estabelecimento chegaram com Maldine carregado e
o colocaram no veículo. Rosana ainda colocou duas almofadas para apoiar a cabeça
da vítima.
Questionamentos
Questionado pela autoridade policial sobre a postura de Saymon, já que
este chegou com Maldine em sua caminhonete, Allan disse que apenas ele e Bruno
tentaram segurar e acalmar o jovem dentro da piscina. Mas que, durante o
socorro, ele foi dirigindo e Saymon foi atrás na Fiorino, segurando a vítima,
que já chegou sem vida na UPA do Araçagi.
No hospital, Allan disse que chegou pedindo socorro e conseguiu uma maca
para o blogueiro. Saymon ficou na porta do hospital. Os dois, em seguida,
voltaram para a mansão. No trajeto, segundo o depoente, Saymon nada falava.
Allan disse que ainda ficou um pouco na casa e depois retornou à UPA,
onde tomou conhecimento de que Maldine havia falecido. O depoente afirmou que
no dia seguinte foi procurado por um blogueiro, que se disse muito próximo da
vítima, querendo informações. E que, na noite do mesmo dia, encontrou-se com um
outro blogueiro, em um bar no Maranhão Novo, juntamente com o pai e um irmão de
Maldine.
Os três o questionaram sobre o que havia acontecido, tendo Allan feito
um relato de tudo. Eles quiseram saber, também, se alguém que estava na mansão
deixou de fazer algo que pudesse salvar a vida do blogueiro. O depoente disse
que foi tudo muito rápido e que não teve condições de fazer essa avaliação.
O empresário Allan Lapore fez questão de consignar um fato relacionado a
um site da cidade, afirmando que todas as informações postadas por esse veículo
de comunicação a respeito da morte de Maldine “são mentirosas”. E que nunca
conversou com o responsável por esse site, conforme foi publicado.
Consignação do advogado
Ao final do depoimento de Allan, o seu advogado, Antônio Holanda, fez
questão de deixar consignado o seguinte: que por volta de 00h40 de sexta-feira,
9, horas antes de ele apresentar seu cliente, foi informado pela sra. Jesus
Damous, mãe de Allan, que terceiros estavam tentando, “a todo custo”, fazer com
que seu filho reproduzisse em seu depoimento à polícia a versão estampada pelo
site que o depoente acusou de publicar notícia falsa. Consignou, também, que,
por volta das 16h de quinta-feira, 9, recebeu um telefonema de Rosana
informando que Saymon pediu a ela o número do seu celular, no que não foi
autorizada a fornecer.
Por fim, Antônio Holanda deixou registrado no depoimento que, horas
depois, por volta de 2h da madrugada, já de sexta-feira, a sua residência foi
invadida por um homem que estava em um veículo Nissan March, branco, placas
desconhecidas, conduzido por um comparsa.
“Ao entrar na casa, onde eu não me encontrava, e perceber a minha
madrasta na sala, assistindo TV, o homem, que estava armado, conforme dá para
perceber pelas imagens, tratou de recuar. Depois do portão de alumínio, que não
sei como ele conseguiu abrir, tem uma porta de vidro, e ele teria que abri-la também.
Talvez isso, além da minha madrasta acordada, tenha-o feito recuar”, disse o
advogado Holanda.
Afirmou Holanda, por fim, que registrou o caso na OAB-MA, solicitando
apoio da Comissão de Prerrogativas da entidade, e que segunda-feira, 13,
oficializará uma denúncia na Polícia Civil, por entender que o objetivo da
invasão à sua casa seria executá-lo.
Imagens e cronologia dos últimos momentos de Maldine
O INFORMANTE analisou todas as imagens que recebeu do dia da morte do
blogueiro na Mansão da Rosana.
Nas imagens observa-se que Maldine chega às 04h41 à mansão, acompanhado
de Saymon e de uma outra pessoa. Uma jovem – Virgínia – abre a porta. Momentos
depois, ele envia mensagem para a jovem identificada como Índia, dizendo que
quer ir ao banheiro.
Às 5h55, Maldine sobe para o quarto da jovem, acompanhado da própria
‘Índia’ e de uma outra garota, conhecida como ‘Bia’.
Às 6h12, dezessete minutos depois, Maldine desce com as duas mulheres,
visivelmente alterado, com uma espécie de cigarro na orelha. Na sala, mexe nos
bolsos, nos ouvidos, procura algo debaixo dos pés, e deixa cair algo suspeito
no chão, próximo à porta do banheiro.
Em seguida, com a mão esquerda, joga algo para dentro do banheiro, e com
a direita dá uma tragada no que seria um cigarro. Depois, mexe em uma almofada
do sofá, aleatoriamente, bota o ‘cigarro’ atrás da orelha e começa a procurar
algo no bolso direito; depois, no chão, chegando a levantar as pernas.
Em seguida, conversa com as duas garotas, coça a orelha compulsivamente
e sai com elas para a parte externa da casa, isso às 6h13, conforme as imagens.
Em seguida, chega na sala um homem – Mateus – e, ao dirigir-se ao banheiro,
encontra algo no chão, semelhante a uma trouxinha, e tranca a porta, saindo
minutos depois.
Às 6h26, entra uma mulher no banheiro, como se estivesse procurando
alguma coisa, e sai.
Maldine sobe novamente para o quarto de ‘Índia’ e desce às 13h25 pela
cozinha, um pouco agitado. Nessa imagem existe áudio. Ele entra na cozinha em
direção à área externa dizendo “tô ligado”, e tosse por duas vezes.
Completamente surtado
Trinta e cinco minutos depois de passar pela cozinha, exatamente às 14h,
Maldine Vieira chega na área do bar, próximo à piscina, já completamente
surtado. Com um copo na mão, esbarra no braço de um homem de preto, que
inclusive imagina ter sido ferido, rodopia ao lado de uma prateleira de bebidas
e copos, esbarrando nela. Os copos e garrafas balançam, mas apenas uma garrafa de
vodka cai e quebra nos pés de uma das garotas da casa. O homem de preto pede
calma várias vezes a Maldine, que rodopia de novo e desaparece por trás da
prateleira.
Em seguida, volta correndo, agarrando-se a uma coluna para não cair e
vai no rumo da piscina. Um minuto depois, ele aparece nas imagens voltando da
área da piscina e subindo uma escadaria grande, perto do bar. No quarto degrau,
cai e tem dificuldades para levantar. Quando consegue, desce surtado e entra
novamente por trás da prateleira, sumindo nas imagens. Todos que estavam no bar
ficam sem reação. Uma jovem estende as mãos como se pedisse ajuda.
Às 14h03, Maldine sai da mansão pelo portão principal, completamente
surtado. Já do lado de fora, cai duas vezes e sai andando de ‘quatro’. Em
seguida, levanta e cai pela terceira vez. Nesse momento aparecem Allan, que
havia acabado de chegar à mansão, Saymon e duas mulheres. Com o blogueiro no
chão, Allan e Saymon trocam opiniões. Allan dá impressão de que queria agir
logo para socorrer Maldine. Em seguida, levanta o blogueiro, que passa a se
debater com ele e Saymon.
Às 14h08, o blogueiro entra de volta na casa, debatendo-se na porta com
algumas pessoas. Mas consegue entrar. A partir daí, já não há mais imagens dos
surtos da vítima, que só volta a aparecer às 14h21, quando quatro homens chegam
carregando o blogueiro – dois pelos braços e dois pelas pernas – para colocá-lo
na traseira da Fiorino.
Antes disso, às 14h17, as imagens mostram três jovens abrindo todo o
portão e Allan pedindo que a Dodge Ram fosse retirada, pois estava estacionada
em frente e atrapalhando a entrada da fiorino, que adentrou a casa de ré. Antes
de Maldine ser colocado no veículo, um dos homens que o carregaram ainda fez
várias massagens no peito, tentando reanimá-lo.
Às 14h24, Alan sai dirigindo a Fiorino com Saymon atrás, segurando o
blogueiro.
Sem câmeras na área da piscina
Apurou O INFORMANTE que a Mansão da Rosana não possui câmeras na área da
piscina. Indagada, a proprietária explicou que aquele setor é onde ficam as
mesas com os clientes, que precisariam ter a imagem preservada.
Saymon em conveniência, à noite, quando Maldine estava sendo velado
Em conversa com o portal O INFORMANTE, depois de levar Allan para depor
na SHPP, o advogado Holanda disse que duas pessoas que o conhecem o procuraram
para informar que viram Saymon com sete mulheres e um cafetão, na mesma noite,
em uma conveniência daquela região. “Neste momento, o corpo de Maldine estava
sendo velado”, disse Holanda, considerando estranha essa postura do empresário.
Laudo
Apurou O INFORMANTE que o exame cadavérico de Maldine já saiu, mas o
laudo não diria “coisa com coisa”, segundo uma fonte da polícia.
O laudo feito no SVO (Serviço de Verificação de Óbito), prédio ao lado
do IML, diz que Maldine Vieira teve afogamento por asfixia. Na ‘descrição do
evento’, consta “banho de piscina com uso de entorpecentes”.
Assista ao vídeo com exclusividade publicado pelo O Informante clicando (AQUI).
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