Nos últimos tempos, tem se tornado cada vez mais comum a
circulação de vídeos e fotos de tragédias divulgadas por alguns integrantes da
imprensa – e também por “influenciadores”, sem o devido cuidado com a dignidade
das vítimas e o respeito à suas famílias.
Os absurdos são inúmeros, desde corpos expostos, rostos nítidos e
desfigurados, cenas chocantes, imagens publicadas sem qualquer tipo de
desfoque, ou no mínimo advertência, numa corrida desenfreada por cliques, seguidores, e audiência
que ignora o básico da ética jornalística – a humanidade.
Mais do que uma infração de princípios profissionais, esse tipo de
conteúdo revela uma profunda falta de empatia. A vítima, reduzida a uma imagem
sensacionalista, perde a identidade e a dignidade em meio a curtidas e
compartilhamentos. E os familiares, já devastados pela perda, têm sua dor
amplificada ao verem o corpo de um ente querido sendo exposto publicamente,
muitas vezes antes mesmo de receberem uma confirmação oficial da morte.
É preciso que alguns profissionais de imprensa, não só em Bacabal, mas no estado do Maranhão, parem e reflitam
sobre seus atos, onde está o limite? O jornalismo tem o dever de informar, sim – mas
com responsabilidade. Mostrar a realidade não significa explorar a tragédia. Há
formas de cobrir acidentes, crimes e desastres com sensibilidade, preservando a
integridade das vítimas e de seus familiares.
A imprensa – e todos nós, como sociedade, precisamos resgatar a
empatia. A vida humana não pode ser tratada como espetáculo. O respeito à dor
alheia deve sempre vir antes da audiência. Lembre-se meus nobres colegas de
imprensa, é desumano transformar a dor em conteúdo, principalmente por meio de
vídeo que mostra o corpo de uma adolescente que morreu por afogamento, cadê o
bom senso? Cadê a ética? Cadê a empatia? Informar é importante, mas, jamais à
custa da exposição cruel de alguém que não pode mais se defender. O respeito
deve vir antes da audiência.
Fica a dica...