Bem sabemos que o medo está em todo local e quem não é
atingido diretamente, sofre deste medo.
De certa forma, através da mídia, o medo acaba sendo
dissipado. Quando se fala em áreas de riscos, principalmente pensando em violência,
esquece-se de que a violência não se distribui homogeneamente no espaço urbano.
São os moradores de áreas pobres e com escassos serviços
urbanos os mais expostos a uma morte violenta. Já as classes sociais mais privilegiadas
e que moram nos melhores lugares da cidade acabam ficando mais protegidas desse
tipo de violência. A população mais abastada tem ao seu dispor a segurança
privada e a segurança pública. Já a população das periferias tem somente a
segurança pública para recorrer. Há se não fosse a segurança pública, homens e mulheres que todos os dias saem de seus lares sem saber se irão retornar para o seio de sua família, e que, na maioria das vezes, ainda são mal interpretados pela grande parte desta sociedade cada vez mais hipócrita.
Na periferia, o medo das pessoas é de serem mortas. Já na
cidade branca (como também são conhecidas as áreas nobres), o medo das pessoas
é de serem roubadas.
Está claro que o risco não se apresenta em todos os lugares e
momentos com a mesma intensidade. É isso que, sem dúvida, justifica uma atenção
objetiva na “geografia da violência” e sua face objetiva.
A geografia do medo se sobrepõe à geografia da violência,
levando a um medo generalizado, recondicionando hábitos e lazer e influenciando
formas de moradia e habitat. E ainda modelando alguns discursos padrão sobre a violência
urbana.
Em resumo, apesar do medo da violência estar em todos os
lugares, existe uma diferenciação deste medo entre a população das periferias e
dos bairros nobres.
Adilson Reis.
Adilson Reis.
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